Bronca justa
Um dos mais consagrados autores brasileiros, João Ubaldo Ribeiro classificou de ''totalitária'' a iniciativa da Secretaria de Direitos Humanos de editar uma cartilha recomendando o não uso de 96 expressões da língua portuguesa, tais como baianada, sapatão e beata.
- O governo está querendo criar uma polícia da linguagem. A iniciativa é delírio totalitário, preconceituoso, potencialmente destrutivo e, o que é pior, custeado com o nosso dinheiro.
Ubaldo está enviando e-mails a amigos incitando-os a reagir ''contra a palhaçada oficial e antes que Lula passe a exigir exame prévio de textos, prática da ditadura''.
Com Ronaldo Herdy colunaboechat@jb.com.br
[02/MAI/2005] JB
AS PERÓLAS LULISTAS-PETISTAS
A cartilha condena:
A COISA FICOU PRETA: forte conotação racista contra os negros, pois associa o preto a uma situação ruim.
AIDÉTICO: termo discriminador, o correto é HIV positivo ou soropositivo, para quem não apresenta os sintomas, e pessoa com Aids ou doente de Aids, para quem apresenta os sintomas.
ANÃO: são vítimas de um preconceito peculiar: o de sempre serem considerados engraçados. Não há nada especialmente engraçado. O fato de ser anão não afeta a dignidade.
BAIANADA: atribui aos baianos inabilidade no trânsito. É um preconceito de caráter regional e racial, como os que imputam malandragem aos cariocas, esperteza aos mineiros, falta de inteligência aos goianos e orientação homossexual aos gaúchos.
BAITOLA: utilizada para depreciar os homossexuais, assim como bicha e boiola. Sugeridos como corretos: gay e entendido (a).
BARBEIRO: xingamento para motorista inábil. Ofensiva ao profissional especializado em cortar cabelo e aparar a barba.
BEATA: deprecia mulheres que vão com muita frequência à missa.
CABEÇA-CHATA: termo insultuoso e racista dirigido aos nordestinos, cearenses em especial.
COMUNISTA: contra eles foram inventadas calúnias e insultos, para justificar campanhas de perseguição que resultaram em assassinatos em massa, de caráter genocida, como durante o regime nazista na Alemanha.
FARINHA DO MESMO SACO: junto com expressões como todo político é ladrão, todo jornalista é mentiroso, os muçulmanos são terroristas, ilustra a falsidade e leviandade das generalizações apressadas, base de todos os preconceitos. O fato de haver políticos corruptos, jornalistas imprecisos e muçulmanos extremistas não significa que a totalidade desses segmentos mereça aquelas respectivas acusações.
FUNCIONÁRIO PÚBLICO: depois de sistemáticas campanhas de desprestígio contra o serviço público, os trabalhadores dos órgãos e empresas públicas preferem ser chamados de servidores públicos, para enfatizar que servem ao público mais do que ao Estado. GILETE: o termo adequado é bissexual.
HOMOSSEXUALISMO: é mais adequado usar homossexualidade. Homossexualismo tem carga pejorativa ligada à crença de que a orientação homossexual seria uma doença, uma ideologia ou movimento político.
LADRÃO: termo aplicado a indivíduos pobres. Os ricos são preferencialmente chamados de corruptos, o que demonstra que até xingamentos tem viés classista.
MULHER DA VIDA OU DE VIDA FÁCIL: eufemismos para caracterizar a profissional do sexo, prostituta.
MULHER NO VOLANTE, PERIGO CONSTANTE: frase preconceituosa contra as mulheres, a quem se atribui menos habilidade no trânsito em comparação com os homens, contrariando, aliás, os levantamentos estatísticos.
NEGRO: a maioria dos militantes do movimento negro prefere este termo a preto. Mas em certas situações as duas expressões podem ser ofensivas. Em outras, podem denotar carinho nos diminutivos neguinho ou minha preta.
PALHAÇO: o profissional que vive de fazer as pessoas rirem pode se ofender quando alguém chama de palhaço uma terceira pessoa a quem se atribui pouca seriedade.
PRETO DE ALMA BRANCA: um dos slogans mais terríveis da ideologia do branqueamento no país, que atribui valor máximo à raça branca e mínimo aos negros. Frase altamente racista e segregadora.
SAPATÃO: usada para discriminar lésbicas,mulheres homossexuais. Entendidas e lésbicas são termos mais adequados.
VEADO: uma das referências mais comuns e preconceituosas aos homossexuais masculinos. Expressões adequadas são gay, entendido e homossexual.
XIITA: um dos ramos do Islamismo se tornou no Brasil termo pejorativo que caracteriza militantes políticos radicais e inflexíveis.
ALguém merece??!?!?!?!?!? Vai arrumar o q fazer!
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