"...tempo, tempo, tempo, mano velho..."

"...fique comigo, seja legal, conto contigo pela madrugada ..."

Saturday, January 28, 2006

2005 D.C.

D.C. (depois de Cristo) é abreviatura clássica para designar a Era Cristã. Mas o ano de 2005, para o Brasil, não tem nada em comum com Cristo nem com a era cristã. As iniciais simbolizam, com extrema simplicidade e alguma rudeza, o que mais se praticou nas altas esferas da República durante o ano que está findando: demagogia e corrupção.

Desta última já se tem falado nesta e noutras colunas, no país e no estrangeiro, por todos os meios de comunicação não subornados ou subsidiados. Apuraram-se os escusos caminhos do "valerioduto", apontaram-se empresas, partidos e parlamentares beneficiados pelo "mensalão" ou propinas equivalentes. A Câmara até ensaiou algum simulacro de punições: excluiu drasticamente o denunciante das patifarias, deputado Roberto Jefferson, condenou o mentor estratégico do "amor remunerado", José Dirceu. Mas já agora desandou em benevolências indesculpáveis, negando a culpa de notórios beneficiários do esquema corruptor.

A tradicional indulgência com criminosos, que é marca registrada deste "país dos coitadinhos", já está sendo aplicada em favor dos favorecidos pelo "mensalão". Sob o manto protetor do sigilo do voto, inadmissível num colegiado de agentes do poder e representantes do povo, a Câmara dos Deputados inocentou dois parceiros fortemente comprometidos, para um dos quais o Conselho de Ética solicitara a perda do mandato, com larguíssimas razões de fato e de direito.

Mas a corrupção imperante em Brasília é algo que já conquistou a consciência dos brasileiros honestos, que nos fere e nos causa indignação. Embora ainda não tenha uma resposta à altura, de parte de quem deveria fiscalizar e punir os donos do poder, quando infratores. Provavelmente, a repressão só venha, tímida e quase impotente, através do pronunciamento dos eleitores, no próximo 2006.

Quanto ao "D" do 2005 D.C., em nossa democracia comunistóide, simboliza a mais refinada demagogia de que se tem notícia em toda a história republicana. Lê-se numa singela notícia pós-Natal que "a regularização fundiária das comunidades quilombolas será prioridade do governo federal em 2006, segundo a ministra da Secretaria Especial de Promoção de Igualdade Racial". Conforme essa ilustre representante do governo Lula, existem no país mais de 2.250 quilombos. Conseguiu-se o milagre de implantar no país, 117 anos depois da abolição da escravatura, mais redutos de escravos fugidos do que os existentes no tempo do cativeiro. E como, a juízo da tal secretaria, esses pretensos quilombos deverão ser desapropriados para entrega da terra aos sedizentes quilombolas, pode-se imaginar o rombo que se está planejando contra os cofres da nação.

Em Porto Alegre, inventou-se um suposto quilombo entre as avenidas Nilo Peçanha e Carlos Gomes, onde jamais houve qualquer aglomeração de escravos fugidos, e a União deverá gastar alguns milhões de reais em favor de meia dúzia de famílias negras que ali se estabeleceram há pouco tempo. Seria bem mais barato doar um apartamento mobiliado a cada uma delas...

Tudo porém faz parte de uma demagogia antropológica, que agora procura estimular ressentimentos entre etnias. Paralelamente, a Funai incrementa a sublevação de comunidades indígenas, jogando-as contra os agricultores brancos, mesmo em lugares onde nunca houve conflitos inter-étnicos. É a demagogia triunfante da Era Lula.

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