"...tempo, tempo, tempo, mano velho..."

"...fique comigo, seja legal, conto contigo pela madrugada ..."

Friday, June 16, 2006

é, hipocrisia mesmo....

Infiltração e hipocrisia

Eliane Castanhede

elianec@uol.com.br

em 11 de Junho de 2006

BRASÍLIA - Quando alguma coisa dava errado no início do governo Lula (e vivia dando), o pretexto era a "herança maldita". Apesar disso, Lula surfava justamente na
política econômica, no rigor fiscal, nos programas e até nas bolsas isso e aquilo herdados do antecessor. No meio do governo, quando Roberto Jefferson denunciou o mensalão e pegou o Planalto, o PT e a base aliada de jeito, a desculpa mudou
para: "É apenas caixa dois" e "somos todos iguais". Quando o tripé do governo caiu (Dirceu, Gushiken e, por fim, Palocci), a culpa foi individualizada. Eles foram massacrados sozinhos, como se não participassem de um partido nem de um projeto de poder nem de um governo. Mais à frente, quando surgiram as histórias do Lulinha, com a Telemar, e do Okamoto, com as contas de Lula, a explicação, indignada, foi a de que se tratava de uma "sórdida campanha da oposição de direita, das elites e da imprensa". Em todos esses momentos, Lula, o chefe, ora se sentia triste, ora indignado, ora irritado, ora "traído". Nu nca condenava ninguém. E jurava que não sabia de nada. Agora, no fim, quando um integrante da executiva nacional do PT lidera o MLST (financiado indiretamente pelo governo) num ataque de vândalos ao
Congresso, tenta-se disseminar a tese de que "foram elementos infiltrados da direita". Não bastam as reuniões gravadas, as frases pronunciadas, as providências tomadas, o envolvimento direto do líder do MLST, Bruno Maranhão, com o PT. Nada disso é verdade? Nem cola em Lula? A se insistir na tese da "infiltração da direita" no quebra-quebra do Congresso Nacional, estarão rindo da nossa cara. E, se boa
parcela da população e do eleitorado cair nessa, só haverá uma conclusão possível: uma nuvem de hipocrisia anda anestesiando o país.

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