"...tempo, tempo, tempo, mano velho..."

"...fique comigo, seja legal, conto contigo pela madrugada ..."

Saturday, June 25, 2005

O PT e o governo..

O senador Cristovam Buarque (PT-DF) – demitido há um ano e meio do Ministério da Educação na primeira reforma ministerial de Lula – sente-se envergonhado com a lama que afoga ainda mais a credibilidade dos políticos. E admite: pode sair do PT se a apuração do mensalão não for rigorosa.

ISTOÉ – Qual a dimensão desta crise?Cristovam Buarque – É mais grave do que a do governo Collor, que atingiu o presidente e seu tesoureiro. A atual crise atinge o PT, os parlamentares, o governo.

ISTOÉ – Como o sr. se sente como político?Cristovam – Envergonhado, ansioso, preocupado, angustiado, perplexo. Sou um senador do partido do governo e estou perdido! Recebo centenas de e-mails. Perguntam: foi para isso que a gente lutou tanto? Como político do PT, me sinto ainda mais responsável. Tenho que me explicar o tempo todo, baixar um pouco a cabeça. Há um clima de depressão política, tristeza, desconforto entre meus colegas também, mesmo da oposição. Tirando um ou outro que comemora o fogo, a maioria está preocupada com a desmoralização da classe política.

ISTOÉ – O dano na imagem do PT é irreversível?Cristovam – Não tenho o direito de achar que é irreversível. Mas o PT tem que agir corretamente, drasticamente, dramaticamente, radicalmente nas apurações nas próximas duas semanas. Para 2006 é quase irreversível. Não tem por que dizer: eu voto no PT porque é diferente.

ISTOÉ – Como o sr. vê o estilo de governar dopresidente Lula? Cristovam – O estilo do Planalto é isolado, arrogante. Não dialoga com o Parlamento. Lula foi cercado por um grupo e submeteu-se à prisão: aprisionou a esperança. Ele não definiu o legado que quer deixar na história. Talvez tenha achado que ele é o legado. Ter sido eleito presidente é um marco, ficou na história, mas não mudou o Brasil.

ISTOÉ – E a crise que atingiu José Dirceu? Cristovam – Lula não devia ter nomeado Zé Dirceu. Eragrande demais para o cargo. É um político com muito voto, forte. Chefe da Casa Civil tem que ser uma figura discreta,um ajudante do presidente.

ISTOÉ – Passou pela sua cabeça sair do PT?Cristovam – Claro que passa quando eu vejo esses escândalos. Se a apuração não for feita com muito rigor, é difícil ficar no PT.

ISTOÉ – E aí, qual seria o caminho?Cristovam – Ir para casa, escrever livros.

ISTOÉ – O sr. defende o afastamento de Delúbio Soares? Cristovam – O povo gostaria de ver essa decisão, parao PT seria melhor. A gente tem que respeitar a opiniãopública, que quer isso.

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