Brasília - O PT é um partido preocupado em acobertar assassinos e
ladrões.
Se a afirmativa parece forte, vamos reformulá-la. Afinal, em toda regra existe exceção: o PT é um partido, cuja maioria, docemente encastelada nos mais altos escalões do governo federal, está preocupada em acobertar assassinos e ladrões. Vamos começar por um dos casos famosos.
No ano 2002, o então prefeito da cidade paulista de Santo André, Celso Daniel (PT), foi assassinado depois de sequestrado num episódio até hoje mal esclarecido. No momento do seqüestro, Daniel estava em companhia do "empresário" Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, num carro blindado e com dispositivos de segurança que estranhamente falharam durante a abordagem dos criminosos. Sombra dirigia o veículo.
Gomes da Silva era um pé rapado que havia sido espécie de segurança do deputado federal (1987-91) Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) que o apresentou a Celso Daniel. Em pouco tempo, o Sombra tornou-se milionário em Santo André e se transformou em manda-chuva do setor de transportes urbanos. Nadava em dinheiro e se exibia em veículos importados de custo proibitivo.
De acordo com o irmão do prefeito morto, médico João Francisco Daniel, o Sobra havia montado na prefeitura um esquema de arrecadação de propinas que chegou a levantar a quantia de um milhão e 200 mil reais em pouco tempo. Parte desse dinheiro, Gomes da Silva embolsava. A outra parte era entregue nas mãos do então deputado federal Zé Dirceu (PT-SP), hoje ministro-chefe da Casa Civil.
No crime de Santo André já se contabilizam seis testemunhas diretas que foram mandadas desta para melhor, ou seja, para o outro mundo.
O presidente nacional do PT e delator da Guerrilha do Araguaia, José Genoíno (SP), afirmou certa ocasião que, insistir nas investigações é "matar Celso Daniel duas vezes". Colocação inexplicável! Mas a família do morto não concorda em sepultar o assunto, apesar de ameaçada.
O deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), que perdeu a presidência da Câmara para Severino Cavalcante (PP-PE), defendeu Gomes da Silva na Justiça e acha que tudo está devidamente esclarecido. Em sua opinião, o Sombra não tem nada a ver com o episódio.
O problema é que os familiares de Celso Daniel denunciam complô e dizem que o PT quer roteger Zé Dirceu. Tentou-se jogar o caso em águas profundas, mas as contradições o trazem sempre de volta à superfície.
Mudando de crime de morte para gatunagem, as falcatruas do atual desgoverno estão pipocando a três por quatro. O presidente Dom Luiz Inácio se exibe muito irritado com o fato de não poder mais viajar em paz.
Sua excelência começou a se assustar com a dimensão que as denúncias de corrupção vêm alcançando.
A maioria das denúncias com dinheiro grosso termina resvalando na Novadata, empresa pertencente a Marcos Dutra, dileto amigo do presidente da República. Também não há como livrar a cara de Zé Dirceu, ponto de convergência das bandalheiras assacadas contra seu ex-braço direito, Waldomiro Diniz. Este último, como se recorda, foi flagrado pedindo propina ao bicheiro Carlinhos Cachoeira. Nada se apurou, no abafa governamental.
Nos círculos mais bem informados, não há quem aposte mais um tostão de mel coado na permanência de Dom Luiz Inácio. Já se aventa, inclusive, a possibilidade de impeachemnt, como no caso Collor. E isso seria uma tremenda ironia. Em 1990, o candidato petista se apresentava exatamente como contraponto à desmoralizada candidatura collorida.
Se a população começar a cobrar nas ruas, o castelo de cartas petista vai desmoronar. Não existe ainda nenhuma grande manifestação popular programada, mas bem que se poderia tentar. O PT foi a última reserva de esperança de uma infinidade de tentativas, num ambiente super
contaminado.
Sua derrocada parece prenunciar um dilúvio. Mas é preciso que esse quadro chegue ao ponto zero, para se pensar em reconstrução.